sábado, 1 de outubro de 2011

Campinas e São Paulo - agosto 2011

Da asa do avião, o sol se põe sobre o planalto central do Brasil, ainda atacado pela secura do meio do ano. As cores inundam uma imensidão que faz dos seres humanos ínfimos em importância perante os poderes da natureza.









O astro rei mergulha, pontual como sempre.








Minha rota me levaria para três cidades em poucos dias. Campinas, São Paulo e Florianópolis se descortinaram como um resumo do resumo do resumo.

























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São Paulo, imensa, multidão, panela de pressão da civilização brasileira.


Teu metrô, teu macarrão rodoviário, teus superlativos, tudo depõe ao seu favor (de vez em quando).



Impessoalidade na terra das sardinhas, vagalumes mecanizados, cacos de estrelas cintilando nas janelas.



A cidade dos milionários e dos mendigos.







A maior das tentativas urbanas da língua portuguesa. Acerto e erro, reinvenção e superposição, gerúndio, ação, deslimitação.





São Paulo é a cidade-selva, a floresta artificial, é o caldeirão, o caldo das culturas, a pororoca do esgoto e do channel.





São Paulo não te olha.




Sampa não tem tempo para te olhar, pois está ocupada demais.

Te vira.


Vai pra luta.






São Paulo não espera.
São Paulo não respira. São Paulo sente peso em seus ombros e sente fome no estômago.
Os pés de São Paulo tem calo.












Em sampa, pousei no apartamento do meu irmão e de Ellen, olhando a metrópole pela janela. Sou uma janela a mais.









Já conhecia a cidade, mas também, ainda mal conheço-a.
(Quantos anos levaria um taxista paulistano para sentir que a conhece?)













O macarrão elétrico urbano é vivo, como uma colônia












Sampa passou por mim, como vento no pulmão.


























Em Campinas encontrei conhecidos do tempo de faculdade.... que assim seja.









Uma noite de muita música, como nos velhos tempos.
Tive tempo de ver o Instituto de Artes da Unicamp, construindo - FINALMENTE - o seu teatro. Tive tempo de sentir os perfumes de Barão Geraldo.



Pouco mais que isso. Ora pois. A vida segue. Próxima parada: Florianópolis.








quinta-feira, 14 de julho de 2011

São Jorge, Alto Paraíso, Goiás - Julho 2011

Finalmente, após muitos adiamentos, fizemos a visita à chapada dos veadeiros. O tempo foi curto, pois não tivemos o auxílio de feriadões ou recesso no trabalho. Um fim de semana, apenas. Não foi o suficiente para matar toda a nossa curiosidade, mas, por hora, saciou os nossos olhos e espíritos.

Eu e Milena ficamos instalados numa pousada na localidade de São Jorge, vila minúscula, ainda não alcançada pelo asfalto, que existe totalmente em função do turismo. (Turismo para pessoas desinteressadas por grandes luxos ou facilidades de infra-estrutura, é bom que se diga). A casa da foto, toda coberta de figuras pintadas, fica na mesma rua de nossa pousada, bem na entrada da vila. Impossível não reparar. De qualquer modo não é a vila que atrai os turistas. O programa da chapada é um só. Caminhar e olhar a natureza.


Os riachinhos correm para os riachões, que correm entre as pedras até as grandes e barulhentas cachoeiras. Fiquei pensando: que atração hipnótica nos gera a abundância de água fresca, despencando sem parar. É como olhar o fogo, ou as ondas do mar, ou a maldita televisão. O globo ocular simplesmente se magnetiza. A diferença é que mar e fogo podem ser olhados de graça, enquanto que cachoeiras, ao menos aqui no planalto brasileiro, é coisa que se paga para ver.


Mesmo o parque, público e democrático como deve ser, cobra caros ingressos. Para mim, como florianopolitano que nunca pagou para olhar uma praia, ou percorrer uma trilha, me parece estranho a idéia de se pagar para poder contemplar a natureza, mas, pensando bem, se esse sistema de ingressos ajudar a preservar essas riquezas naturais, então pago sem lamentos. Além do mais há forte presença dos bombeiros no parque, o que garante a segurança, e boa parte do preço do passeio é o pagamento do guia, sempre um nativo da região.

Não muito tempo atrás este vale foi uma área de mineração de pedras preciosas. Os sinais de destruição causados pelo garimpo ainda pode ser visto no caminho. Tenho a impressão que a renda dos ingressos, e o fluxo de turistas do mundo inteiro, ajudam a manter a cobiça dos mineradores apaziguados.